Terrários e Estufas

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Tanto os terrários como as estufas, são óptimos para ter um ambiente controlado para as plantas carnívoras. Recriando assim, um ambiente o mais próximo possivel do habitat natural das plantas. Os terrários e as estufas podem ser construídos ou comprados para estarem no interior como no exterior, podem ser móveis ou fixos. Existem terrários e estufas de vários tamanhos e formas á venda em lojas da especialidade.
Mas os aficcionados nestas plantas, na maioria das vezes, constroem o seu próprio terrário ou estufa. Tudo depende do local onde queremos ter as plantas, do espaço que se tem disponível, e claro, do gosto pessoal de cada um.


Terrários:

Falemos primeiro dos terrários, além de esteticamente serem mais bonitos do que uma estufa, também tem a vantagem de se poder ter dentro de casa com maior facilidade. Sendo óptimos para adornar qualquer sala. Normalmente as pessoas, á primeira vista, confundem-nos com aquários, mas assim que se aproximam e observam com mais atenção, chegam á conclusão que estão enganados.
É verdade que os terrários na maioria dos casos, são construidos apartir de aquários ou do mesmo material. Devido ao facto de ser mais fácil adquiri-los nas lojas mas também por ser ideal para o objectivo proposto.
Os terrários podem ter vários tamanhos e formas, dependendo mais uma vez, do gosto pessoal e do espaço disponível onde se pretende coloca-lo.
Para ter um terrário no interior é necessário ter em atenção alguns aspectos importantes:

1. Luminosidade
Este é talvez o factor mais importante a ter em conta, quando temos um terrário no interior. As plantas carnívoras precisam de muita luminosidade para fazerem a fotossíntese, tal como todas as outras plantas, por isso, o local ideal é próximo a uma janela, virada para sul. Não sendo possível, é indispensável o uso de um sistema luz artificial, de modo a garantir a quantidade de luz necessária para a planta.
Nas lojas da especialidade ou na internet, existem vários sistemas para todos os gostos e necessidades.

2. Temperatura e Luminosidade
A temperatura e a húmidade são mais dois factores a ter em conta, porque as variações bruscas de temperatura e/ou húmidade vão afectar as plantas. Estas variações podem fazer as plantas entrar em estado de dormência(todas as plantas perenes têm estado de dormência) artificial ou até morrer. Por isso, o ideal é ter um termómetro para controlar a temperatura, e um higrómetro para medir a húmidade.
As plantas carnívoras necessitam de altos indíces de húmidade porque a grande maioria delas vive em pântanos e zonas tropicais.



Exemplo de um terrário


Estufas:

As estufas são ideais para quem tem jardim ou quintal porque precisam de mais espaço para serem construídas. Mais uma vez saliento que, tudo depende do gosto pessoal de cada um e do espaço.
Tal como os terrários existem estufas de várias formas e tamanhos, á venda em qualquer loja de jardinagem, algumas em kits, prontas a serem montadas.
As estufas têm várias vantagens em relação aos terrários: são maiores, mais espaçosas e as plantas obtêm luz para a fotossíntese duma forma natural. Em relação á temperatura e húmidade, depende da(s) espécie(s) em questão mas, normalmente usa-se a mesma técnica usada no terrário, ou seja, basta um termómetro e um higrómetro para as controlar. Geralmente não é necessário recorrer a sistemas para controlar estes dois factores, mas se quiser ter um ambiente bem controlado, é o ideial.
Outro ponto a ter em conta é a ventilação, uma estufa deve ser ventilada para melhor controlar a temperatura e húmidade.



Exemplo de uma estufa

Descoberta uma planta carnívora gigante

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Uma nova espécie de planta carnívora gigante foi descoberta na área central das Filipinas. A planta é uma das maiores do tipo, e pode alimentar-se inclusive de pequenos mamíferos, tais como ratos. Durante a expedição que descobriu a nova espécie, a equipa de botânicos também encontrou samambaias rosadas e cogumelos azuis que não conseguiram identificar.

Acreditava-se na existência desta espécie de planta carnívora desde 2000, quando dois missionários tentaram escalar o Monte Vitória, um ponto pouco visitado da área central das Filipinas, e avistaram a planta. A história chamou a atenção do explorador britânico Stewart McPherson, do botânico Alastair Robinson e de Andreas Fleischmann, especialistas em plantas carnívoras.

Em 2007, os especialistas viajaram durante dois meses para as Filipinas. Lá, a 1600 metros acima do nível do mar, encontraram a nova espécie. De acordo com McPherson, eles de imediato perceberam que a planta encontrada não era de uma espécie conhecida. A planta recebeu o nome científico de Nepenthes attenboroughii.

Durante a expedição, a equipa de McPherson também encontrou plantas da espécie Nepenthes deaniana, que não era encontrada na natureza há mais de cem anos. O único exemplar desta espécie foi perdido num incêndio em 1945.

McPherson afirma que a nova espécie é uma das maiores plantas carnívoras conhecidas pelo homem. “Ela produz armadilhas espetaculares, que capturam não apenas insetos, mas também roedores do tamanho de ratos”, diz.

A planta não cresce em grande quantidade, mas McPherson acredita que a inacessibilidade do local em que ela é encontrada possa impedir que sofra com o ataque de humanos.



Fonte

Pragas

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Neste post vamos abordar as praças que normalmente atacam as plantas carnívoras. Assim como alguns modos de as prevenir e desinfestar.



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As formigas aparecem especialmente nas plantas que estão no exterior. Muitas vezes elas transportam pulgões e outros pequenas pragas.
As formigas cortadeiras são as mais perigosas porque, cortam as folhas das plantas para levar para o formigueiro para servir de alimento.
Felizmente, esta espécie de formigas não existe em Portugal.

Abrigos:
jardins
Calçadas
Debaixo de pedras

Doenças transmitidas:
Bactérias
Vírus
Infecções

Prevenção:
coloque em torno do pé da planta ou vaso, uma mecha de algodão humidecido com inseticida.

Desinfestação:
Iscas formicidas, pós-secos, termonebulização.


plgoes
São insectos minúsculos com formato de pêra, sem asas, e uma côr que varia entre o verde e o roxo. Reproduzem-se com extrema facilidade e rapidez, as fêmeas depositam os ovos férteis sem a necessidade de cópula. Alimentam-se da seiva das plantas. São os comparsas ideais de algumas espécies de formigas.

Abrigos:
Plantas ornamentais
Plantas holerícolas
Plantas frutíferas
Ervas daninhas

Prevenção:
Verificar se existe a presença de pulgões nas brotações, botões florais caules e folhas. Podar o local ou fazer uma limpeza com algodão embebecido em água com sabão de côco ou similar.

Desinfestação:
Óleo Mineral ou produtos indicados para o controle de pulgões.


lagartas
Geralmente são grandes o suficiente para serem detectadas e, portanto, facéis de erradicar. Elas conseguem dizimar uma planta carnívora em apenas alguns dias. Elimine as lagartas manualmente, tirando-as cuidadosamente da planta ou aplique um lagarticida.

Abrigos:
Jardins
Folhas
Árvores
Debaixo de pedras

Prevenção:
Aplicar produtos biológicos em redor da planta.

Desinfestação:
Produtos indicados para o controle de lagartas e lesmas.


grilos
Quem não conhece os grilos, animais engraçados, com o seu som caraterístico entoado nas noites quentes de Verão. O problema é que podem ser prejudiciais para as plantas como os anteriores animais referidos.
Aparecem em bandos durante o Verão, e atacam geralmente as folhas das plantas.
Têm hábitos noturnos, quando abandonam os seus abrigos(tocas), atacam as plantas especialmente a base do caule, provocando o tombamento das mesmas.

Abrigos:
Tocas e buracos na terra.

Prevenção:
Aplicar produtos biológicos em redor da planta.

Desinfestação:
O melhor método é através da catação dos animais.

Doenças

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No artigo de hoje iremos abordar as doenças mais vulgares que afectam as plantas carnívoras. Doenças essas que podem ser causadas por uma variedade de factores e condições.


Pontos pretos
Isto é típico acontecer nas armadilhas da Dioneia. Aparecem pontos pretos que se propagam pelas folhas. Os pontos vão-se espalhando até cobrirem a folha toda, começando esta apodrecer e cai.

Pontos côr-de-ferrugem
É típico acontecer na Nepenthes. Causa o aparecimento de pontos castanhos- alaranjados nas folhas.

"Mofo"
Acontece geralmente às sementes mal elas começam a germinar. Também pode afectar algumas Sundews. É semelhante a mofo cinzento. Aparece quando a humidade está alta, existe pouca luminosidade e ventilação.

"Lodo"
Aparece na superfície do solo e parece-se com lodo verde dos pântamos ou poças d água. Simplesmente raspe a superfície ou transplante a planta para um novo solo.

Fuligem
Parece fuligem preta, daí o nome. Pode cobrir toda ou parcialmente a planta. Basta usar água para remover. Na verdade, não afecta a planta de nenhum modo mas, fica feio. Também pode ser sinal de outro fungo presente na planta.

Todas estas doenças podem ser tratadas com fungicidas. Mas deve-se levar em conta as características da espécie em causa, para sabermos se podemos ou não, aplicar este tipo de produtos. Ao usa-los devemos sempre, ler com atenção, e seguir as intruções de uso da embalagem. Usar e guardar sempre este tipo de produtos longe de crianças e animais de estimação.

Familías e Espécies

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As plantas carnívoras dividem-se em 4 famílias contendo varias espécies. São elas:

- Sarraceneaceae
- Nephentaceae
- Droseraceae
- Lentibulariaceae

Comecemos pela Sarraceneaceae.  Sarraceniaceae é uma família de plantas angiospérmicas (plantas com flôr), pertencente á ordem Ericales. O grupo engloba 24 espécies, classificadas em três géneros de plantas carnívoras. As Sarracenias atraem as presas através do cheiro característico do seu néctar e aprisionam-nas dentro de folhas de formato tubular, cheias de água e enzimas digestivas (bactérias no caso de Darlingtonia).
Os gêneros Darlingtonia e Sarracenia são oriundos da América do Norte, enquanto que as espécies de Heliamphora são nativas da América do Sul. As Sarracenias crescem em solos pobres em nutrientes, de características ácidas, e usam os insectos capturados como suplemento nutricional.
São plantas perenes, que crescem todos os anos a partir de um rizoma e que desaparecem durante o Inverno.

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Espécies de Sarraceneas

A seguir temos a familía Nepenthaceae que é uma família de plantas carnívoras angiospérmicas (plantas com flôr), pertencente á ordem Caryophyllales. O grupo monotípico conta apenas com um género, Nepenthes, que ocorre nos trópicos do Velho Mundo, nomeadamente no sul da China, Indonésia e Filipinas, Malàsia, Madagascar, Ilhas Seychelles, Austrália, Nova Caledénia, Índia e Sri Lanka.As plantas desta família possuem na ponta de suas folhas estruturas semelhantes a jarros, sendo na verdade continuações da própria folha modificadas, com as bordas do limbo unidas formando uma ânfora.
Sobre a abertura desta ânfora encontra-se uma estrutura semelhante a uma "tampa", normalmente colorida, servindo de protecção estética para que a armadilha não se encharque. Isso faz com que apenas uma porção de líquido se encontre no seu interior, e é neste líquido que insectos, aranhas, e mesmo pequenos pássaros ficam presos ao escorregarem para dentro do tubo. Atraídos pelas cores e pelos odores segregados pelas glândulas situadas na base da tampa. Uma vez dentro, uma parede cerosa e pêlos no interior da folha voltados para baixo evitam que esta possa ser escalada, e é ali os animais são digeridos.
Esta família possui os maiores espécimes de plantas carnívoras, e tem a forma de uma trepadeira (sendo que a estrutura entre a folha e a armadilha actua na sustentação da planta, de maneira anóloga são gavinhas das videiras).

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Espécies de Nephentes

Droseraceae é família compreende uma longa lista de plantas. Caracterizam-se por apresentar folhas dispostas em forma de roseta. As Droseras possuem folhas cobertas por pêlos que produzem uma substância pegajosa, a mucilagem. Ao pousar na folha da planta, o animal fica preso nas gotas. Quanto mais ele se debate para escapar, mais preso fica. Depois da captura, a planta começa a produzir enzimas digestivas que vão digerir o insecto ou pequeno animal.

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Espécies de Droseras

Lentibulariaceae é uma família de plantas angiospérmicas (plantas com flôr), pertencente á ordem Lamiales. A ordem á qual pertence esta família está por sua vez incluída na classe Magnoliopsida (Dicotiledneas), desenvolvem portanto embriões com dois ou mais cotildones.
Esta família composta por 716 espécies repartidas por 3 géneros.
São plantas herbáceas, carnívoras, anuais ou vivazes, terrestres ou aquáticas.
Esta família era anteriormente integrada na ordem Scrophulariales.

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Espécies de Lentibularias

Conselhos e dicas para iniciantes

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No artigo de hoje, vamos abordar várias dúvidas e questões que normalmente as pessoas têm ao se iniciarem no cultivo das plantas carnívoras.
Se tem alguma dúvida que não esteja aqui respondida, contacte-nos!


1. Quero iniciar-me no mundo das plantas carnívoras, qual a melhor planta para começar?

Normalmente as pessoas ao conhecerem as plantas carnívoras, vêem fotos das plantas mais exóticas, belas e coloridas, mas na maioria dos casos quanto mais exótica é a planta, mais difícil é de manter.
Pois são necessárias condições especiais, o que pode se tornar dificil para quem quer começar, levando por vezes, á desilusão e desistência de continuar. Por esse motivo, a nossa recomendação vai para, a Dioneia múscipula, Drosera capensis ou então, Sarracenia púrpura. Isto porque são plantas fáceis de manter e tratar, ideais para iniciar.


2. Posso ter plantas carnívoras dentro de casa, ou deverão estar no exterior?

É a pergunta que é feita com muita frequência, qual o melhor sítio para ter as plantas carnívoras...Pela nossa experiência, não há um local que sirva para todas as carnívoras, pois depende de espécie para espécie. Por esse motivo, deve-se consultar as necessidades especificas de cada espécie e verificar se o local em que as queremos colocar satisfazem essas necessidades. Deve-se ter em conta a quantidade de luz, a temperatura e a humidade do local.
Depois da análise ao local devemos concluir se podemos ou não ter as plantas nesse local durante todo o ano ou apenas em algumas estações. Por exemplo uma Dionaea pode estar dentro de casa na Primavera e Verão mas, deve estar exposta ao frio durante o Outono e o Inverno(a Dionaea é uma planta perene, ou seja, tem estado de dormência).


3. Que tipo de água devo usar para regar as plantas carnívoras?

A àgua tem de ser pura, sem compostos dissolvidos. Normalmente a àgua usada na rega das plantas carnívoras é àgua destilada, mas também pode ser usada água da chuva. É também comum o uso de sistemas de osmose inversa(são sistemas que filtram a àgua através de filtros de carvão).


4. Que tipo de terra devo usar para as plantas carnívoras?

Terra normal ou para plantas de interior, que se encontra nas lojas, não serve. As plantas carnívoras no seu habitat natural, vivem em solos pobres, os nutrientes necessários para as plantas "normais" são prejudiciais para as plantas carnívoras.
Além disso as carnívoras precisam de solos com um pH baixo, que não é o caso das plantas de interior. Deve-se usar sempre solos específicos para as carnívoras(perlite, vermiculite, sphagnum, etc).


5. Está a nascer um caule floral na minha dionaea, o que devo fazer?

Existe a ideia de que se deve cortar o caule floral das Dionaeas porque se não elas ficam fracas e morrem. O que não é verdade porque, apesar do caule floral utilizar muita energia da planta, se esta estiver saudável não há qualquer problema em deixar florir o caule. Tudo depende se queremos sementes ou não. Ao cortar o caule floral, a energia é aproveitada pela planta fazendo com que a planta fique maior.


6. O que desencadea o estado de dormência?

Algumas espécies de plantas carnívoras são perenes, ou seja, têm estado de dormência.
O estado de dormência pode ser desencadeado por dois factores:

- Devido à redução de horas de sol durante o Outono e Inverno(designado por fotoperíodo).
- Devido à diminuição das temperaturas médias (temperaturas abaixo de 15ºC).


6.1. Quais são os sinais do estado de dormência?

O estado de dormência é fácil de identificar, a planta começa a perder mais folhas do que as que nascem e as novas folhas param totalmente de crescer ou crescem muito devagar.


7. Com que quantidade e frequência devo "alimentar" a minha planta?

As plantas não precisam de ser alimentadas, na natureza ninguém as alimenta e elas sobrevivem. Se estiverem no exterior elas conseguem "safar-se" sozinhas, pois os insectos são atraídos para as armadilhas através dos odores característicos exalados pela própria planta. Caso estejam no interior, normalmente também não é necessário "alimenta-la", porque à sempre um ou outro insecto que vai lá parar.
Mas mesmo que as plantas não apanhem nenhum insecto pelos seus próprios meios elas não morrem e continuam a desenvolver-se normalmente porque tal como as outras plantas elas fazem fotossíntese e não estão exclusivamente dependentes dos insectos que apanham.
É claro que, as plantas que apanham insectos desenvolvem-se mais rapidamente, portanto havendo paciência e oportunidade as plantas podem ser "alimentadas". Nesse caso à que levar em conta alguns detalhes importantes, geralmente basta colocar o insecto na armadilha, mas no caso das Dionaeas não é assim tão simples, as Dionaeas detectam o animal pelo seu movimento e mesmo depois de fecharem vai ser esse mesmo movimento que vai fazer com que a planta inicie a digestão, é a forma que a planta tem de saber se apanhou um algo ou não, por isso no caso das Dionaeas é importante que o animal esteja vivo e a mexer.
Em relação ao tamanho, deve-se escolher um insecto que tenha uma tamanho proporcional à armadilha.
Desde que o insecto caiba na armadilha é porque o tamanho está certo, pois se tal não acontece, a armadilha não vai fechar hermeticamente durante o processo de digestão, fazendo com que a armadilha apodreça.
Caso isso aconteça não há problema nenhum, a planta não vai morrer. A planta está sempre a produzir novas armadilhas, estando no exterior, por vezes o insecto capturado é demasiado grande para a armadilha e esta não fecha hermeticamente, levando a que apodreça.
De qualquer maneira, uma armadilha só dá em média, para 2 ou 3 refeições ao fim das quais apodrece normalmente e é substituida por outra nova folha(armadilha).

Plantas carnívoras em Portugal

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Plantas carnívoras em Portugal

Para Portugal estão referênciadas oito espécies de plantas carnívoras espontâneas, pertencentes a duas famílias Droseraceae e Lentibulariaceae, no entanto, a ausência de estudos recentes de biologia, ecologia e distribuição não permite afirmar, com absoluta certeza, que todas essas espécies ainda possam ser encontradas em território nacional. De modo a desvendar o misterioso mundo das plantas carnívoras que existem em Portugal, segue-se, uma breve caracterização das diferentes espécies.

Esta caracterização, inicia-se pelas orvalhinhas, pertencentes á família Droseraceae, que são pequenas plantas carnívoras que surgem em locais húmidos ou pântanosos. Tratam-se de plantas com uma distribuição ubíqua e das cerca de noventa espécies conhecidas podemos encontrar duas em Portugal Drosera rotundifolia e D. intermdia. No nosso País, as duas espécies de orvalhinhas encontram-se quase confinadas ao norte do rio Tejo, sendo que a D. rotundifolia surge quase exclusivamente a norte do rio Vouga.

São plantas vivazes que raramente ultrapassam os vinte centímetros de diâmetro. As suas folhas modificadas, com uma forma idêntica á mão humana, encontram-se recobertas por aproximadamente duzentas glândulas pediculadas recobertas por mucilagem.
Logo após o contacto com a presa, geralmente pequenos insectos que pousam inadvertidamente sobre as folhas, as glândulas pediculadas começam a curvar-se de modo a envolver a preciosa refeição.
Segue-se a acção das enzimas digestivas que são libertadas pelas glândulas e a absorção dos produtos assimilveis do insecto.
Acabado todo o processo, as glândulas e a folha retomam a posição inicial, sendo bastante comum encontrar os restos mortais dos últimos insectos que foram capturados e digeridos pela planta.

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Drosera rotundifolia

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Drosera intermédia

Ainda na família Droseraceae é importante destacar a ocorrência de um endemismo ibero-marroquino: a erva-pinheira-orvalhada (Drosophyllum lusitanicum link). Esta designação pela qual é conhecida deve-se ao facto da planta estar coberta por gotas brilhantes de mucilagem, fazendo lembrar o orvalho matinal. uma planta com cerca de vinte a trinta e cinco centímetros de altura, que ocorre em solos secos, siliciosos ou xistosos, estando confinada a algumas populações isoladas ao longo de uma estreita faixa litoral do nosso País.
Quase todos os estudos existentes sobre esta planta resultou do trabalho de botânicos portugueses, tais como: o Prof. Carlos Frana, o Prof. Aurélio Quintanilha e o Prof. Abílio Fernandes.

Drosophyllum lusitanicum
Drosophyllum lusitanicum

As restantes carnívoras que ocorrem espontaneamente em solo português incluem-se na família Lentibulariaceae.
Trata-se de uma família com enorme heterogeneidade morfológica, onde se incluem plantas que vivem tanto em lugares húmidos(por ex. as pinguicolas) como em lugares completamente submersos (por ex. as utricularias).

No nosso país encontram-se apenas duas espécies Pinguicula vulgaris e P. lusitanica.
P. lusitanica são pequenas plantas com raízes pouco desenvolvidas e que se distinguem das outras plantas por apresentarem uma pequena roseta de folhas aplicadas ao solo, do centro da qual emerge, na época da floração, a respectiva haste floral que suporta uma única flôr.
As folhas são geralmente de côr verde-clara e apresentam os bordos ligeiramente enrolados, a parte superior revestida por glândulas que produzem mucilagem que funciona como primeiro mecanismo de captura dos insectos. Após sentir a presença dos insectos a debaterem-se para se libertarem do visco que os aprisiona, inicia-se o enrolamento da folha de modo a envolver melhor as presas nas enzimas digestivas.
Os insectos são atraídos para as folhas das pinguicolas através de um intenso odor a cogumelos putrefactos exalado pela planta. A outra espécie(Pinguicula vulgaris), possui um aspecto bastante similar ao anterior, diferenciando-se dela apenas pelas suas maiores dimensões e pela côr mais escura das suas flores. A P. vulgaris é sem dúvida, a planta carnívora mais rara do nosso país, uma vez que só é conhecida uma única localização em Portugal. Já o mesmo não acontece com a P. lusitanica, que possui várias localizações ao longo do litoral a norte do rio Vouga.
Aliás, esta espécie encontra-se associada ás orvalhinhas, uma vez que ambas possuem idênticas exigências climáticas.

Pinguicula lusitânica 2Pinguicula lusitânica
Pinguicula lusitânica

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Pinguicula vulgaris

Resta falar sobre as Utriculárias que pertencem a um género com uma distribuição ubíqua e que inclui o maior número de espécies: cerca de trezentas.
Em Portugal podem encontrar-se três dessas espécies Utricularia subulata, U. gibba e U. australis.
A primeira de caules capilares e subterrâneos, que se julga poder estar já extinta no nosso país, uma vez que não é vista em território nacional desde dos anos quarenta do século passado, enquanto as duas últimas são hidrófitos submersos ou flutuantes que habitam as lagoas e pântanos de água doce.
Pelo facto de viverem completamente imersas, estas plantas são das mais desconhecidas de todas as plantas carnívoras, uma vez que são difíceis de observar, excepto na altura de floração, que vai de Junho a Setembro, em que as flores de côr amarelada se elevam acima da superfície da água denunciando a sua presença.
As utriculárias são desprovidas de raízes e possuem um caule muito fino sobre o qual se inserem, formações foliceas. Distribuídas e ligadas aos líbulos foliares por curtos pedínculos, encontram-se pequenas vesculas ou utrículos, que constituem armadilhas altamente especializadas, com que estas plantas capturam as suas presas aquáticas: crustâceos e larvas de insectos.

Dado o grande número de espécies existentes neste género, é natural que exista uma enorme variedade morfológica de utriculrias, no entanto, o funcionamento das suas armadilhas idêntico em todas elas: os utrículos so pequenos sacos com uma única abertura, junto qual existem, normalmente, pêlos sensitivos que detectam a presença das pequenas presas.
Quando algum animal aquâtico estimula os pêlos sensitivos, o utrículo aspira-o em milésimos de segundo, enquanto a presa se vai debatendo no interior do utrículo, a planta vai libertando as enzimas digestivas que acabam por matar e digerir a próxima refeição e para terminar todo este minucioso processo, resta planta absorver os nutrientes do interior da sua armadilha.
Segundo investigações mais recentes, nas províncias situadas a norte do rio Douro, constata-se que em muitas das localizações identificadas no século passado estas plantas já se extinguiram.

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Só para referir alguns exemplos, poder-se-à afirmar, que a D. intermdia, a U. australis e a P. lusitanica já desapareceram dos arredores do Porto (Pedras Rubras, Boa Nova e Santa Cruz do Bispo). Também a D. lusitanicum existente na serra de Santa Justa, em Valongo, corre o risco de desaparecer devido ao despejo ilegal de resíduos, movimentação de terrenos e ao pisoteio resultante da prática de actividades de ar livre.
Numa das suas localizações nesta serra, a espécie já se encontra extinta.
Dada a reduzida distribuição geográfica da maioria das plantas carnívoras em Portugal, seria necessário e importante despertar novamente o interesse para estas plantas que há muito deixou de ser visto como um milagre da natureza e que vai desaparecendo silenciosamente do nosso património botánico sem sequer ter sido visto e conhecido pela esmagadora maioria dos portugueses que geralmente até desconhece que estas plantas existem em Portugal.

O que são plantas carnívoras?

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O que são plantas carnívoras?

Plantas carnívoras são plantas com a capacidade de capturar animais, através de enzimas digestivas, extraindo compostos nitrogenados para seu próprio aproveitamento. São normalmente habitantes de solos pobres e encharcados, com pouca disponibilidade de Nitratos (essenciais para a síntese da molécula de clorofila), dependendo assim do nitrogénio contido nas proteínas dos animais.

As plantas carnívoras são nativas da faixa tropical, ocorrendo no Sudeste Asiático, América e Austrália, algumas no sul da Europa e África. Muito embora existam géneros ou famílias inteiras adaptados ao clima temperado. As plantas carnívoras foram descobertas pela primeira vez no séc. XVIII, mais precisamente em 1768, quando o botânico inglês J. Ellis chamou a atenção para o espantoso e curioso processo de captura de insectos na Dionaea muscipula.

Desde essa data, mais de seis centenas de espécies de plantas foram estudadas e adicionadas á lista das plantas consideradas carnívoras. Estas plantas constituem um grupo botânico sem qualquer significado taxonómico, dado que o carnivorismo nas plantas parece ter resultado da evolução convergente, ou seja, ao longo dos tempos a selecção natural foi priviligiando a sobrevivência de plantas oriundas de famílias diferentes, mas que conseguiam capturar e digerir pequenos animais. Apesar desta curiosa capacidade de se nutrir de animais (propriedade que era tida como exclusiva do reino animal), as plantas carnívoras mantêm todas as características de qualquer outro ser vivo do reino vegetal(são plantas verdes onde ocorre fotossíntese).

Contudo, para assegurar a sua sobrevivência, estas plantas necessitam de completar o seu metabolismo com os aminoácidos resultantes da digestão de pequenos animais, que ocorre nas folhas, em zonas glândulares, por intensa actividade de enzimas proteases e fosfatases que digerem as presas. Vários estudos têm demonstrado que a nutrição heterotrófica aumenta o crescimento e desenvolvimento destas plantas e que, em algumas espécies, parece ser essencial para que ocorra a floração, ou seja, a possibilidade de perpetuar a espécie.

Por esta razão, o carnivorismo nas plantas encarado como uma adaptação nutricional relacionada com os solos deficientes em azoto, como acontece com as zonas pantanosas e turfeiras onde ocorre a maioria das plantas carnívoras conhecidas. As folhas das plantas carnívoras são normalmente o local de captura das presas, apresentando adaptações morfológicas e fisiológicas mais ou menos especializadas na atracção, captura e digestão dos animais. As armadilhas estão, geralmente, recobertas por muco, uma espécie de cola que retém as presas, e podem possuir movimento, aumentando dessa forma a eficácia da captura dos insectos.

No entanto, não basta ter armadilhas eficazes, é preciso conseguir atrair até elas as presas, assim, é comum as plantas carnívoras exalarem odores característicos, de matéria orgânica em decomposição ou adocicados, que funcionam como chamariz para a maioria dos insectos.